O Pix é o meio de pagamento mais utilizado no país. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o Pix hoje constitui 67% dos pagamentos feitos pelos brasileiros.
Isso se deve à facilidade de uso e rapidez na realização de transações financeiras. Porém, a falta de burocracia facilitou também a prática de golpes, que têm acontecido no comércio, redes sociais e aplicativos de mensagem.
A maioria desses crimes envolve a falta de atenção das vítimas, já que o sistema do Pix tem mecanismos de segurança que impedem o acesso de criminosos. As informações trocadas pelo Pix são criptografadas e rastreadas, além de ter proteções que impedem o roubo de dados.
Como se proteger de golpes do Pix
Apesar do crescimento de novos golpes do Pix, eles podem ser evitados ao seguir algumas medidas de segurança:
Quais são os tipos mais comuns de golpe do Pix?
Criminosos utilizam número de telefone e a foto de um conhecido no WhatsApp para pedir dinheiro via Pix. Sempre que receber um pedido desse tipo, ligue para a pessoa e confirme com ela a necessidade do dinheiro. Além disso, para prevenir que isso aconteça com o seu WhatsApp, ative a “Verificação em duas etapas”. Basta ir em Configurações > Ajustes > Conta > Verificação em duas etapas.
Se você está esperando uma transferência Pix e recebeu o comprovante de um desconhecido, confira se o dinheiro caiu mesmo na sua conta ou carteira. O golpe do comprovante falso é uma maneira de os criminosos enganarem a vítima compartilhando informações sobre transferências que nunca aconteceram.
Nos casos que você fará uma transferência Pix por código ou por um QR Code, confira se o recebedor é realmente a pessoa para quem você deseja transferir o dinheiro. No golpe do QR Code falso, os criminosos mudam o destinatário do valor e a transferência é realizada para um terceiro.
1. Golpe do Robô do Pix
Também conhecido como Urubu do Pix, esse golpe envolve engenharia social, que consiste em técnicas utilizadas para ganhar a confiança da vítima.
O criminoso convence a vítima a fazer um Pix para uma conta desconhecida em troca de um retorno financeiro elevado. Funciona como a pirâmide financeira, que multiplica o valor investido em pouco tempo.
Anúncios como: envie R$ 300 e receba R$ 350, por exemplo, atraem pessoas que procuram dinheiro fácil. Além disso, os lucros podem ser ainda maiores em caso de indicação de novas pessoas.
Quem participa desse tipo de pirâmide chega a receber o retorno de valores pequenos, passando a confiar no golpista e fazendo investimentos maiores. Porém, logo após depositar valores elevados, o golpista foge com o dinheiro e nunca mais retorna as ligações.
É muito difícil pra vítima ter o retorno desse dinheiro investido, já que o envio foi feito de forma espontânea. Além disso, a participação em esquemas de pirâmide configura um crime e a vítima ainda pode ser autuada.
Como evitar o Golpe do Robô do Pix
Não acredite em promessas de retorno expressivo de um valor depositado ou investido, principalmente se forem feitas por pessoas ou empresas desconhecidas. Muitas delas anunciam lucros tão elevados que ultrapassam a rentabilidade da bolsa de valores ou de investimentos confiáveis, como o CDB ou o Tesouro Direto, por exemplo. E isso já comprova ser algo mentiroso.
Fuja de quem afirma ganhar dinheiro fácil com investimentos suspeitos. Caso queira investir, procure por aplicações seguras.
2. Golpe do Pix agendado
Esse golpe do Pix é, geralmente, praticado contra comerciantes. Ele acontece quando o golpista mostra o comprovante de pagamento de uma compra. O lojista não desconfia, mas, na verdade, o pagamento foi agendado pra uma data futura.
Ao finalizar a compra, a operação é cancelada e o valor nunca cai na conta do empresário.
Isso acontece porque o vendedor não confere todos os detalhes do comprovante. E quem recebe o recibo por meios digitais tem ainda outro agravante, que é a possibilidade de edição da imagem, em que o golpista esconde a informação de agendamento.
Como evitar o golpe de agendamento falso do Pix?
Verifique qualquer resquício de edição e fique atento aos dados informados no comprovante da conta de origem, que deve conter:
Só confirme o pagamento após verificar se o valor realmente caiu em conta.
Uma atualização recente feita pelo Banco Central promete diminuir esse tipo de golpe. O sistema deve deixar claro que o valor está agendado, aparecendo como “Lançamento Futuro”.
3. Golpe do QR Code Pix
Trata-se de falsificações feitas em faturas de consumo, como luz, água e gás, por exemplo, enviadas pra que as vítimas paguem por meio do QR Code.
O pagamento é direcionado para o golpista, que geralmente usa contas de laranjas para o recebimento do valor, o que torna difícil a sua captura.
As vítimas não costumam desconfiar do golpe, pois a adulteração fica muito parecida com o boleto original, e inclusive pode conter os dados do titular da conta. Também são usados e-mails mascarados pra parecer se tratar da empresa responsável pela fatura.
Além disso, na maioria das vezes esses tipos de boletos oferecem desconto de 5% no pagamento pelo QR Code ou código de barras pra atrair a atenção da vítima.
Como evitar um QR Code falso no Pix?
Verifique se os dados do titular da conta constam no boleto, já que, geralmente, as falsificações levam apenas o código do assinante.
Confira o código de barras, que em contas de consumo deve sempre começar pelo número 8, de acordo com a determinação do sistema. Caso seja uma fatura falsa, os dígitos iniciais vão corresponder à instituição financeira utilizada.
Verifique os dados do recebedor na confirmação do Pix. Se aparecer um nome diferente da empresa, não pague o boleto e procure os canais oficiais pra relatar o caso.
4. Golpe do Investimento no Pix
O golpe do falso investimento no Pix é semelhante ao golpe do robô do Pix. Nele, os golpistas alegam que possuem um investimento com retornos grandes e imediatos, solicitando à vitima o envio de um determinado valor.
Após receber o pagamento, o golpista some de todas as redes e fica com a transferência do Pix, sem a possibilidade de receber o estorno.
É importante destacar que não é possível realizar investimentos pelo Pix, já que ele é somente um meio de transferência. A única possibilidade é utilizar o Pix para enviar valores para uma conta de investimento já cadastrada.
Como evitar o golpe do investimento no Pix?
Desconfie de promessas de ganhos a partir de investimentos pelo Pix, principalmente daqueles que prometem grandes valores.
Lembre-se que o Pix é apenas um meio para transferência de valores, e não é possível utilizá-lo por si só como um investimento em nenhuma situação.
5. Golpe do Pix através de páginas falsas
Esse golpe acontece, em sua maioria, nas redes sociais ou no Google Shopping, onde é cada vez mais comum ver anúncios de promoções imperdíveis de lojas supostamente conhecidas. Contudo, ao clicar, a vítima é redirecionada pra uma página falsa.
Esses sites imitam alguma loja famosa e disponibilizam produtos com preços muito abaixo do mercado, a fim de atrair compradores. Normalmente, a única forma de pagamento disponível é o Pix ou o QR Code.
Como me proteger das páginas falsas do Pix?
Desconfie de preços muito baixos. Se tiver dúvidas, procure pelo produto no site oficial. Além disso, é preciso se atentar ao link do site, que na maioria das vezes têm nomes genéricos e que não coincidem com o link da loja original.
Verifique se há outras formas de pagamento além do Pix, como boleto bancário, cartão de débito e cartão de crédito. As lojas oficiais disponibilizam diversos métodos de pagamento, portanto, desconfie se a compra só pode ser feita pelo Pix.
Fique atento ao destinatário informado pelo banco na hora do pagamento, pois geralmente os criminosos usam nomes de terceiros para receber o valor.
Como recuperar o dinheiro de um golpe no Pix?
Se você foi vítima de um golpe do Pix, existe a possibilidade de estornar o Pix e conseguir o dinheiro de volta.
Primeiramente é necessário registrar um Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia Virtual. Pra isso, preencha o formulário eletrônico com todas as informações sobre o ocorrido. Somente com o BO em mãos é possível dar entrada em outros procedimentos.
Depois, deve-se informar ao banco a ocorrência do golpe. A vítima tem até 80 dias a partir da data do depósito para entrar em contato com o banco, mas é indicado que seja feito o mais rápido possível.
A partir daí, a instituição financeira é obrigada a dar prosseguimento ao Mecanismo Especial de Devolução (MED), que analisa se a transferência foi fruto de um golpe ou de uma falha operacional do sistema.
Após a denúncia, o valor fica retido na conta do suspeito por até 72 horas, que deverá comprovar que não praticou um crime. Caso a suspeita seja confirmada, o valor é devolvido pra vítima em até 24 horas.
Há também a possibilidade de se recorrer via judicial. Neste caso, o golpista será autuado pelo crime de estelionato, presente no artigo 171, com pena de reclusão de um a cinco anos e pagamento de multa.